terça-feira, setembro 30, 2003

Terrum (ou Torrão de Alicante?)

Comprava-se nas festas de aldeia e nas romarias. Bocadinhos de uma pasta de caramelo com amêndoas (amêndoas de casca com cobertura de açúcar) e amendoins, embrulhados em papel vegetal.  Estava numa bancada geralmente coberta com uma chita garrida, e tinha por companhia muitas outras guloseimas. Lembro-me das medalhas de açúcar com a imagem dum santo, em papel, colada ao meio, e com um fio para se pendurar ao pescoço, dos colares de pinhões, das sombrinhas de chocolate ... Chamava-se terrum. Também era
costume servir de recordação trazida a familiares e amigos quando as festas nos levavam a outras terras. Mas há quem lhe chame "Torrão de Alicante". Interrogo-me porquê. Terá origem em terras de Espanha? (também tu, terrum? não nos chega a fruta, a Zara, a Massimo Dutti, e... e...?)

Little things

PELA NOITE DENTRO

Fuma-se.
Joga-se mahjong e inventam-se heróis de banda desenhada.
Espera-se.
Até de manhã.


Dut Yeung Nin Wa (In the Mood for Love) de Wong Kar-Wai, 2000

RBL

segunda-feira, setembro 29, 2003

COMO SE FAZ UMA TESE?

Já alguém notou a quantidade de gente que na blogosfera anda a braços com uma tese. Depois, um destes dias, a Bomba Inteligente contou uma história divertidíssima sobre o interesse da sua própria dissertação (vão lá ver que a auto-ironia tem mesmo graça). Eu, Sara, me confesso - também eu tenho uma tese para fazer. Só ainda não sei bem sobre o quê (calma, sei pelo menos a área de investigação). Aliás, sempre admirei as pessoas que, antes de lerem, já sabem o que querem estudar. Desconfio até que sabem de antemão a que conclusões vão chegar... E isto sim - mais importante do que ter dúvidas sobre o objecto de estudo - parece-me constituir um sério problema.

SBL

LABOUR DAY

"Work Longer, Have More Babies" - The Economist
"Trabalho Faz Cada Vez Mais Mal à Saúde"- Público

Partindo de uma esquerda conservadora em direcção a uma direita revolucionária...

The Magnificent Seven

Ring! Ring! It's 7:00 A.M.!
Move y'self to go again
Cold water in the face
Brings you back to this awful place
Knuckle merchants and you bankers, too
Must get up an' learn those rules
Weather man and the crazy chief
One says sun and one says sleet
A.M., the F.M. the P.M. too
Churning out that boogaloo
Gets you up and gets you out
But how long can you keep it up?
Gimme Honda, Gimme Sony
So cheap and real phony
Hong Kong dollars and Indian cents
English pounds and Eskimo pence

You lot! What?
Don't stop! Give it all you got!
You lot! What?
Don't stop! Yeah!

Working for a rise, better my station
Take my baby to sophistication
She's seen the ads, she thinks it's nice
Better work hard - I seen the price
Never mind that it's time for the bus
We got to work - an' you're one of us
Clocks go slow in a place of work
Minutes drag and the hours jerk

"When can I tell 'em wot I do?
In a second, maaan...oright Chuck!"

Wave bub-bub-bub-bye to the boss
It's our profit, it's his loss
But anyway lunch bells ring
Take one hour and do your thanng!
Cheeesboiger!

What do we have for entertainment?
Cops kickin' Gypsies on the pavement
Now the news - snap to attention!
The lunar landing of the dentist convention
Italian mobster shoots a lobster
Seafood restaurant gets out of hand
A car in the fridge
Or a fridge in the car?
Like cowboys do - in T.V. land

You lot! What? Don't stop. Huh?

So get back to work an' sweat some more
The sun will sink an' we'll get out the door
It's no good for man to work in cages
Hits the town, he drinks his wages
You're frettin', you're sweatin'
But did you notice you ain't gettin'?
Don't you ever stop long enough to start?
To take your car outta that gear
Don't you ever stop long enough to start?
To get your car outta that gear
Karlo Marx and Fredrich Engels
Came to the checkout at the 7-11
Marx was skint - but he had sense
Engels lent him the necessary pence

What have we got? Yeh-o, magnificence!!

Luther King and Mahatma Gandhi
Went to the park to check on the game
But they was murdered by the other team
Who went on to win 50-nil
You can be true, you can be false
You be given the same reward
Socrates and Milhous Nixon
Both went the same way - through the kitchen
Plato the Greek or Rin Tin Tin
Who's more famous to the billion millions?
News Flash: Vacuum Cleaner Sucks Up Budgie
Oooohh...bub-bye

Magnificence!!

FUCKING LONG, INNIT?


in Sandinista!, The Clash,1980

RRP
MAY YOU BE DAMNED, RRP!!!

Eu não fui á marcha branca - preferi ficar a brincar com umas histórias às pintinhas.

RRP
O COMBOIO PAROU

Por fim. Num lugar que já não existe.
Onde apenas os viajantes podem entrar.



(c)RBL

RBL

domingo, setembro 28, 2003

DO OUTRO LADO

Mudei de janela.
Encontrei companhia.


(c)RBL

RBL

sexta-feira, setembro 26, 2003

Pedro Pinto passou-se

Jornal da Noite na TVI. Pedro Pinto dá notícia sobre a nomeação de Maria Elisa como conselheira cultural em Londres. Segundo parece, constatou-se agora que a nomeada não reúne os requisitos legais para a nomeação, por não ser licenciada. Este pormenor faz com que Maria Elisa pudesse ser nomeada "apenas" adida cultural, o que, nos velhinhos escudos, significaria cerca de menos mil contitos por mês.  Apanhado de surpresa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros não se atrapalha: o perfil, os procedimentos habituais, bla bla bla. Pessoalmente, não me espanta a ligeireza da nomeação, nem a facilidade dos argumentos para a justificar. Pedro Pinto é que perdeu o norte e rematou: "se me é permitido um comentário, é uma grande pouca vergonha, e um grande tacho!". Para comentário do Zé Povinho, não está mal. Para um jornalista, não gostei.

Little things
O TEMPO PASSA

Junto ao rio. A viagem continua.
Sempre. Até ver.


(c)RBL

RBL

quinta-feira, setembro 25, 2003

DIÁRIO DA EXD 03 (2)

As conferências já passaram. Em três dias.
Frank Gehry chegou e foi-se embora. Deram por ele?

Entretanto o Lounging Space no São Jorge tem surpreendido. Pela positiva.
Sem figurões. Tem-se mantido aceso.
Discussões sobre o futuro de... ao Domingo; Apresentações à 5ªFeira; Conferências à 6ªFeira; Workshops ao Sábado; Projecções à 2ª, 3ª e 4ª. Investiguem o cardápio.

Para o feriado de 5 de Outubro anuncia-se Mike Figgis e João Lopes sobre o Futuro uso do Cinema. Datas.

RBL
PEÇO AJUDA...

Estou como aqueles concorrentes da TV às voltas com as respostas para dar. Eu sei, eu sei, já nada é como era (e se antigamente é que era...). O muro já caiu há uma data de anos, os blocos já eram, os impérios de hoje têm outra natureza e as ideologias, essas, estão completamente desvirtuadas. Pa-ta-ti, pa-ta-ta. Eu sei isso tudo. Só que eu - que já tinha ficado baralhada com a visão tida a meio caminho veneziano entre os Giardini e o Arsenale (instântaneo memorável que o RRP já aqui publicou) - não esperava ouvir JPP, intelectual que muito respeito e meu blogger de eleição, confessar que não é de direita. Isto é demais para mim. Peço ajuda, portanto...

SBL
O lambe-botas

Botas, sapatos, sandálias, tamanho 46 ou 35, tudo o que o chefe tenha nos pés. Vive vergado aos pés do chefe. Do chefe que aprecia o género, torna-se conselheiro e confidente. Quando fora da auréola protectora do chefe, vive na penumbra dos corredores do local de trabalho. Provavelmente para esconder a sua mediocridade. Colado às paredes, provavelmente para apoiar a coluna vertebral, que tem dificuldade em endireitar, de tão vergado viver. Ou, mais
provalmente ainda,  tentando evitar confrontos que lhe deêm o tratamento merecido. A propósito: os meus sapatos, de tamanho 37, são sempre engraxados em casa, ou no sapateiro. Quanto aos sapatos dos outros, dos chefes incluindo, que os engraxem onde quiserem.

Little things
VIAGENS DE VERÃO

De comboio. À janela.


(c)RBL

RBL

quarta-feira, setembro 24, 2003

Calvin

Calvin, o pimentinha ternurento criado por Bill Watterson. Num desenho  que nunca esqueço, Calvin, no primeiro quadradinho, caminha despreocupadamente. No segundo, tropeça. No terceiro, surge a cambalhota. Mas, no quarto, Calvin, ladino, disfarça a sua fraqueza e transforma a cambalhota em exercício de equilíbrio, obviamente conseguido. Uma única legenda: TARAAAN!
A sugerir o artista de circo que, ao som do rufar do tambor, executa números impossíveis, deixando-nos sem respiração. Tropeço frequentemente em malabaristas, contorcionistas, que dão uma e outra cambalhota e ficam sempre direitinhos, em pose impecável. São outros mestres do TARAAN! Para mim, Calvin é um encanto. Dos tais outros não gosto mesmo nada.

Little things

EQUAÇÕES, TEOREMAS E AFINS (2)

Depois da Lei da Atracção Universal (aka lei da gravidade de Newton) a questão que se põe é:
Se os corpos se atraem, porque que é que às vezes fazem faísca?
Eis a Lei de Coulomb (da atracção eléctrica) - que determina, ou explica, como preferirem, que dois corpos carregados electricamente se repelem ou atraem (depende do facto de terem cargas de sentido igual ou inverso) com uma força inversamente proporcional ao quadrado da distância:

q1 e q2 - corpos com carga eléctrica
r - distância
K - constante electrostática universal
F - força

Eq. de Coulomb - F = - K*(q1q2)/r^2

Claro que Coulom era essencialmente um físico, e possivelmente pouco informado sobre a química dos corpos, do efeito da distância sobre a atracção, ou dos casos em que cargas iguais se atraem fortemente. Mas isso são contas de outro rosário (oops!!!, rosário não, valha-nos Deus!!!).

RRP
AS PALMAS

Há muito tempo atrás, numa galáxia muito muito distante, no final de um bom filme a sala batia palmas, ovacionava, chegava a levantar-se em júbilo. Não raras foram as vezes que me juntei a essa comunhão cinéfila. Agora, a saída de uma sessão é acompanhada de múrmurios, gargalhadas, desconsolos ou comentários presunçosos (mea culpa) e pedantes. Hoje, no final de um grande filme, as minhas mão sentem falta uma da outra.

RRP
AMOR E RESISTÊNCIA

(...) Quem o vir impassível, ou já perdeu a alma, ou já perdeu o coração, ou já perdeu uma e outro. (...)


Casablanca de Michael Curtiz, 1943

(...) E procurará toda a vida o Rick's Bar em Casablanca, sabendo perfeitamente que não há nenhum Rick's Bar em Casablanca e que não há outra Casablanca senão aquela onde-um-dia-se encontraram e se perderam Ingrid Bergman e Humphrey Bogart. Se isto não for o cinema é porque o cinema não existe. Nem eu, nem tu. Nem nenhum de nós.

in Os Filmes da Minha Vida/Os Meus Filmes da Vida de João Bénard da Costa

RRP

terça-feira, setembro 23, 2003

Mais de Paula Bobone

A caixa de correio do Hipatia entupiu. As visitas dispararam em flecha. Todo o universo bloguista quer saber mais sobre a entrevista de Paula Bobone ao "Dica da Semana", o tal jornal publicitário das lojas Lidle. Pois bem, ao lado duma receita de pão-de-ló, seleccionámos mais este trecho:
DS-No seu livro fala de "tiologia".Como define a alcunha"tia"?
PB- A "tia" é uma espécie de caricatura da senhora chique, que é copiada pelas outras, tornando-se caricato, na medida em que a cópia dá sempre vontade de rir. São aquelas senhoras que na sociedade parecem muito elegantes e muito finas, mas que por vezes não têm uma vida nada exemplar.
DS-Utiliza também a expressão "chiadar". O Chiado representa algo de especial para si?
PB-Para mim, o Chiado é o altar de Lisboa, porque é um local frequentado por muitas pessoas, uma vez que o melhor da cidade está neste local.
"Senhora chique"? "Vida exemplar"? A ricá vai a meio dum romance da Condessa de Ségur? "Altar porque frequentado por muitas pessoas"? E o largo do coreto em Sacavém? Também é um altar? E o Colombo?

Little things
HÁ DIAS ASSIM (TERÇA-FEIRA)

Noutros movimentos dizem que há dias assim.


Dut Yeung Nin Wa (In the Mood for Love) de Wong Kar-Wai, 2000

RBL
NOTAS SOBRE DESIGN (1) (A PROPÓSITO DA EXD 03 )

Design é um termo que não tem o mesmo significado para todas as pessoas. Segundo os vários pontos de vista, evoca: moda feminina, design de roupas, mobiliário, tecidos e interiores ou mesmo objectos.
Para alguns abrange a arquitectura, para outros, a faceta criativa da engenharia: a engenharia do design.
Para muito poucos, sugere a actividade que abrange tanto a forma como a função dos objectos manufacturados: o design industrial."


Christopher Lorenz, "A Dimensão do Design", Centro Português do Design, Lisboa, 1991


A história do design contada sob a perspectiva das grandes individualidades conduziu a uma materialização do próprio design. Conhecemos da história do design, e talvez não só, os objectos mais simbólicos.
O design deve ser entendido como um complexo sistema de alianças entre grupos de profissionais de diferentes conhecimentos e é dirigido a uma maior variedade de produtos, serviços e espaços do que alguns reconhecem e pensariam. Não é apenas um processo autónomo e muito menos a produção de um objecto ou a aparência ou estilo que se acrescenta posteriormente.
Todas as mudanças - das sociais às tecnológicas - que se verificaram na modernidade exigiram uma reformulação do conceito de design.
A discussão deve por isso ser deslocada dos objectos materiais para uma visão mais inclusiva do design que por certo colocará novos desafios ao papel do designer.

RBL

segunda-feira, setembro 22, 2003

UMA QUESTÃO DE DEMOCRACIA

Respondo hoje - muito tempo depois, como eu mais gosto - àqueles que no dia do atentado contra a sede das Nações Unidas em Bagdag arranjaram argumentos para justificar o injustificável. Só numa democracia era possível, em plena homenagem fúnebre a decorrer na sala magna da ONU, ouvir Gilberto Gil cantar, ver Kofi Annan a tocar tambor (depois do «will you still need me, will you still feed me when I'm 64?», a confirmação do seu talento musical) e comprovar que até a viúva de Sérgio Vieira de Mello consegue esboçar um sorriso (o primeiro?). Podem estar certos que tal nunca seria possível no Iraque. Ou em qualquer outro país não democrático.

SBL
Rex, o cão polícia

Há décadas, foram os episódios de Lassie, uma cadela de raça collie, que fizeram as delícias de novos e menos novos. Ainda a preto e branco, contavam-se histórias-família, num ambiente rural americano. Hoje, é a SIC que, nos meses de Verão, vai passando e repassando as histórias de Rex, o cão polícia pastor alemão. Histórias de polícias e ladrões, passadas na cosmopolita Viena de Áustria. Em ambas as séries, estão os mesmos condimentos: enredos simples, com algum suspense, baseados na amizade entre o animal e o homem e na inteligência quase humana do animal. A diferença é que  Rex nasceu noutros tempos, enfrenta muito maior concorrência, e não vai ficar na memória como Lassie. Mas é justo que se diga que as histórias de Rex têm um aliciante adicional: o polícia de Rex, Alex Brantner de seu nome. O público feminino que veja e depois conte.

Little things
LONGE (DA SEGUNDA-FEIRA)

Num lugar que não existe pessoas desconhecidas reunem-se numa festa.
Numa sala distante inventa-se um jogo no chão quadriculado.
De um lado Monica Vitti. Do outro Marcello Mastroianni.


La Notte de Michelangelo Antonioni, 1961

RBL

sexta-feira, setembro 19, 2003

Manga de Alpaca entrou pr'ó Governo

A Manga de Alpaca deixou o Hipatia, entrou pr'ó Governo. São, pois, totalmente fundamentadas as suspeitas daquele analista político que há dias disse desconfiar que no Ministério das Finanças não está um ministro, mas sim um contabilista manga de alpaca.

Little things
HOMENAGEM AO MELHOR CARTOON DO ANO

Devem ser os ares de Serpa que lhe dão esta lucidez. Digam lá se o cartoon de Luís Afonso, hoje no Público, não é simplesmente genial? E que ninguém se atreva a chamar-me feminista, coisa que não sou, nunca fui nem nunca serei.

SBL
ALBA

Mattina

M'illumino
d'immenso.


Giuseppe Ungaretti

RRP
IMAGENS REENCONTRADAS (À SEXTA-FEIRA) (1)

Reencontrada do Hipatia inicial, exigiu nova presença.
Existem imagens assim (ainda tenho a certeza). Eu gosto.



RBL

quinta-feira, setembro 18, 2003

DIÁRIO DA EXD03 (1)

A Voyager 03 já está inaugurada. Grande festa.
Faltaram alguns nomes. Dizem as crónicas. Outros não faltaram.
A Lili (de Caneças) esteve lá.
Foi simbólico. Apenas.



RBL
COMUNISMO E RELIGIÃO
...ou os novos caminhos do Marxismo


© RRP 2003


RRP
A Maçã Bravo de Esmolfe

Golden, starking, reineta...Variedades de maçã, o fruto que provou a Newton a lei da gravidade, que testou a pontaria de Guilherme Tell, e que Aghata Christie tinha por hábito saborear enquanto imaginava os seus golpes de suspense. Mas nenhuma variedade se compara à deliciosa maçã bravo de esmolfe, de cor amarelo claro, doce, sumarenta e perfumada. Parece ter origem na localidade de Esmolfe, Penalva do Castelo, Beira Alta, donde herdou o nome. Sobre a bravo de esmolfe já sabia ser cara, porque escassa. Fiquei agora a saber que a sua  produção passou a estar na moda, e que a verdadeira - a cultivada na Beira Alta - vai ser certificada, para evitar que o consumidor coma uma bravo de esmolfe adulterada. Tudo bem. Por mim, se me encherem o olho, vou continuar a comprá-las mesmo que não ostentem o selinho da marca. Como as do meu pai, que são cultivadas num quintal da Beira Baixa (talvez esta diferença de Beiras justifique serem pequenotas), e vão directamente para a mesa, sem passar pelos filtros dos técnicos da maçã.

Manga de Alpaca

quarta-feira, setembro 17, 2003

Paula Bobone diverte-se

Antes de mais, há que explicar que existe um jornal, de distribuição gratuita, que veicula a publicidade das lojas LIDL. De nome "Dica da semana". Entre anúncios de enlatados, ténis e calças a 9,99 €, relógios de pulso a 5,99 €, surgem horóscopos, anedotas, receitas de cozinha. E uma entrevista com uma "personalidade". Pois bem: é neste universo que o "Dicas" que esta semana encontrei na minha caixa do correio, nos oferece uma entrevista com Paula Bobone. Para que conste, aqui fica um excerto:
"DS - É consultora, cronista de jornais e é assessora principal no Ministério da Cultura. Como é que concilia todas estas actividades?
PB - Divertindo-me. Levo a vida de uma maneira desportiva, ou seja, tem de se saber ganhar e se saber perder. Sendo eu uma pessoa que leva as coisas na desportiva, também não gosto de jogos de equipa e prefiro que cada um jogue o seu jogo, porque é muito difícil coordenarmo-nos com outras pessoas em Portugal. (...) Escrevo e leio à noite, trabalho nas minhas várias funções durante o dia e ao fim da tarde tenho um laboratório interessante de
actividades humanas e sociais portuguesas, que são os eventos sociais onde aprendo muita coisa".
Aqui há uns tempos, alguém perguntou a Paula Bobone qual era o seu pássaro preferido. respondeu "a borboleta". Estaria a divertir-se?

Manga de Alpaca
DIÁRIO DA EXD03 (0) e algumas notas

Começa hoje a ExperimentaDesign - Bienal de Lisboa sob o tema "Para além do consumo".
Simbolicamente o primeiro evento é a inauguração da Voyager 03 - "contentor transportável que apresenta o trabalho colaborativo de mais de 40 criadores portugueses contemporâneos..."
A EXD é uma excelente iniciativa. Sim. Podia ser muito melhor, também é verdade.
Tem evoluido cada vez mais. Reconhece-se.


RBL(c)

Ouvi atentamente, na TSF, a peça sobre a EXD03.
Se a mensagem não passa, ou passa de forma errada, é preciso ter mais cuidado. Muito mais cuidado.
Falar de design não é falar de "désign". Também não é falar de objectos inúteis. Também não é discutir design gráfico (que cresce como cogumelos em centros de aprendizagem tecnológica sob o lema é rápido e fácil complicar a vida aos outros).

A mensagem continua assim.
Por vezes parece-me que dá jeito que assim se passe. As pessoas aderem mais (e em massa). Provavelmente.

Nas conferências vão ser discutidos outros assuntos. Os convidados assim prometem.
Nós, continuamos a apoiar, a ajudar e a participar. Até que "essa" mensagem nos vença pelo cansaço.

PS: Sobre o design e os seus objectos (de estudo) o Hipatia acompanhará a EXD no aumento das "dúvidas".

RBL

terça-feira, setembro 16, 2003

Boas Vistas

Largo da Academia Nacional de Belas-Artes, lado direito de quem sobe, logo no início. Um portão dum palacete, de cor verde. Em momentos de sorte para quem passa, o portão abre-se. Surge então  uma vista deslumbrante sobre o Terreiro do Paço, sobre o Arco da Rua Augusta (visto de cima, tem janelinhas), sobre o rio, até ao Castelo. Em dia de sol, a sorte é total, porque tudo é  iluminado pela luz característica de Lisboa a qual, segundo julgo saber, resulta, em parte,  da larga utilização do mármore de Lioz. Se, ao passar,  o portão permanecer fechado, não desista: chegue-se à grade, ponha-se em bicos de pés, e espreite. Se algum agente da autoridade estranhar os seus movimentos,  aconselhe-o a espreitar também. Verão que não se arrependem.

Manga de Alpaca
TEMPO

À mesa. O mesmo diálogo. Uma cena.
Assim parece. Os vestidos mudam.
É o tempo. Eternidade filmada.

O Hipatia está de volta. (todos)
Igual. Assim parece.


Dut Yeung Nin Wa (In the Mood for Love) de Wong Kar-Wai, 2000

RBL

segunda-feira, setembro 15, 2003

ELOGIO DOS SUECOS

Convictamente, acredito em pouca coisa. Mas não tenho dúvidas sobre a minha vocação europeísta (para utilizar uma expressão cara ao discurso político). Sim, defendo uma integração profunda e alargada ao maior número de países que o requeiram (e que obviamente obedeçam aos critérios estabelecidos pela União). Sim, sou adepta da moeda única e de todas as outras coisas que os euro-cépticos consideram uma perda de identidade nacional. Sim, queria que a Suécia tivesse optado pelo euro. Mas nem por isso desejei que - a todo o custo - o referendo sueco tivesse sido favorável à minha opinião. Tremi quando, na semana passada, depois da morte da ministra Anna Lindh, ouvi que as sondagens estavam a subir para o lado do «sim». Ontem fiquei contente quando - apesar da tragédia que constituiu a morte de Lindh - a demagogia não venceu. Pode ser ingenuidade mas fico contente quando ganha a democracia. E ainda por cima quando se atingem percentagens de participação eleitoral da ordem dos 80 por cento. Gostaria de ser nórdica. Por um dia que fosse.

SBL
Benfiquistas no sofá

Quando não vão ver o glorioso na catedral, eles assistem aos jogos em casa, instalados no sofá. Uma hora antes do jogo, começam a revelar sinais de nervosismo: fazem tarefas inúteis, olham frequentemente para o relógio. Depois, o jogo começa, e o ritual repete-se quase invariavelmente. No ínicio, estão entusiasmados, na expectativa da grande exibição, a goleada. À meia hora de jogo, as coisas começam a alterar-se: o clube do coração já marcou um golo, estão calmos, a goleada vem aí. Não havendo golos, vendo o tempo a correr, inquietam-se, começam novamente a olhar para o relógio, temendo que não haja tempo para alcançar os almejados três pontinhos. Mas também há outra hipótese: o clube "entra bem no jogo" (é assim que se diz, não é?), marca um, marca dois, os benfiquistas estão felizes. Mas inesperadamente, tudo se altera: ele é o treinador que tirou e pôs quem não devia, ele é o árbitro que vê o que não é e vice-versa, ele é o adversário que desata a marcar. Ontem, assim sucedeu. Os benfiquistas levantaram-se do sofá, um  irritado, o outro transtornado.

Manga de Alpaca

sexta-feira, setembro 12, 2003

pequenas conclusões inúteis (4)

Num blog em cada dois, existe um blogger a acabar uma tese.

RRP
FLASHBACK IS BACK

Em tempos aqui vociferei contra a RDP. Pois bem, depois de saber que a equipa do Flashback (chame-se isso ou outra coisa qualquer) se vai mudar para lá, também eu estou quase a mudar para a Emissora Nacional.

SBL
Flashback

Finalmente uma boa notícia: perspectiva-se o regresso do Flashback. Diz-se que será na SIC NOTÍCIAS e na RDP. Também se diz que será com um outro nome, porque a equipa não quer desagradar à TSF. Se me for permitida opinião, sugiro que a equipa pondere manter o nome que usou durante anos (julgo que 15), em atenção aos seus ouvintes fiéis, para quem o Flashback foi ( é ) uma companhia indispensável nas manhãs de domingo. À TSF direi que não percebo por que razão se reestrutura o que está bem, em lugar de se concentrar as energias reestruturantes naquilo que está mal. Como diz o povo, "em equipa que ganha não se mexe"!

Manga de Alpaca

quinta-feira, setembro 11, 2003

VOCÊ SABE QUE EU SEI QUE VOCÊ JÁ SABIA QUE EU...

O que veio primeiro, o Parlamento Português ou o Yes Minister?

Sir Humphrey: "With Trident we could obliterate the whole of Eastern Europe."
Jim Hacker: "I don't want to obliterate the whole of Eastern Europe."
Sir Humphrey: "It's a deterrent."
Jim Hacker: "It's a bluff. I probably wouldn't use it."
Sir Humphrey: "Yes, but they don't know that you probably wouldn't."
Jim Hacker: "They probably do."
Sir Humphrey: "Yes, they probably know that you probably wouldn't. But they can't certainly know."
Jim Hacker: "They probably certainly know that I probably wouldn't."
Sir Humphrey: "Yes, but even though they probably certainly know that you probably wouldn't, they don't certainly know that, although you probably wouldn't, there is no probability that you certainly would."


RRP
AINDA A CHEGAR...

Gosto muito de mudar as folhas do calendário (especialmente aquelas que se rasgam pelo picotado, como tem a minha avó). Mas não sei porquê. É o tempo a correr...

SBL
EQUAÇÕES, TEOREMAS E AFINS (1)

Com tanta gente dedicada à Literatura, Poesia, Política e afins na blogosfera, o Hipatia inaugura uma pequena série de posts de back to basics, dedicados a coisas tão triviais como a gravidade, a relatividade, o movimento, etc. Enfim, coisas de gente um pouco mais simples...

A Lei (ou equação) da Gravidade de Newton

Ao contrário do que se possa pensar, a dita não consiste numa discussão metafísica sobre o trauma da apanha da maçã, mas é apenas uma explicação do facto de estarmos colados ao chão, de termos uma Lua no céu, girarmos à volta do Sol, patati-patatá.
Voltando ao assunto, a força (atractiva) entre dois corpos de massas m1 e m2 é inversamente proporcional ao quadrado da distância que os separa, r, e condicionado por uma constante G (dita constante gravitacional). Na nossa querida Terra esta constante é cerca de 9.8 m/s^2 (nove ponto oito metros segundo quadrado - ou seja ao fim de um segundo de queda livre qualquer corpo sem velocidade inicial é acelarado para uma velocidade de 9.8 m/s). Eis a equação:



onde a=acelaração e G=6.673(10) x 10-11 N*m2/kg2

Experimentem ler os manifestos do BE, e digam se isto não vos parece um pouco pueril.

RRP
Apontamentos dum quotidiano - a remar

O remo: actividade integrada no cardio-fitness, essa invenção dos tempos modernos. Com um écran de computador à frente, imaginamo-nos num barco, designado "you", competindo com um outro, designado "computer". No écran, para maior realismo, surge também público assistindo à competição, agitando bandeirinhas. Vencida a fase da programação, postos à prova os conhecimentos germanófilos, iniciei as remadas. Surpresa: o barco computer sumiu,
desapareceu da pista. Não percebi porquê, mas também não era importante. Disciplinada e esforçadamente, continuei a remar até à meta. Ao chegar, tinha o computer à minha espera! Concluí que demorou menos tempo a chegar do que eu a partir. E para que dúvidas não me restassem sobre o meu desempenho, o écran mostrou-me um pódium: 1st - computer; 2nd - you. Apesar do insucesso, não desmoralizei. Vou continuar a treinar.

Manga de Alpaca

quarta-feira, setembro 10, 2003

AINDA A REGRESSAR...

Tenho-me esquecido de dizer que o meu regresso se fez na vertical. Para que conste.

SBL
Cenas dum quotidiano - a aula de hidroginástica

Somos vinte e tal. De várias idades, incluindo "idosos de 60 anos", classe que, como se sabe, foi criada por infantil jornalista da SIC. Uns são exímios nadadores, outros nem por isso, e outros mesmo nada. Alguns procuram tratamento para males de coluna e afins, outros simplesmente fazem porque lhes dá prazer. Às 7 da manhã mergulhamos na piscina ( ao ar livre) e, ao som duma música estridente, vamos fazendo os exercícios exemplificados pelo professor. Há quem tenha muita habilidade, e há quem ... enfim, lá vai tentando. Felizmente que, na apreciação do professor,  todos estamos em pé de igualdade: somos fracotes. Mas divertimo-nos imenso. A hidroginástica é mais ou menos como a banha da cobra: provavelmente não fazendo bem a nada, faz bem a tudo. Recomenda-se.

Manga de Alpaca
Uma formiga de Langton



RRP
pequenas conclusões inúteis (3)







RRP
pequenas conclusões inúteis (2)

Qualquer conclusão é efémera.

RRP

terça-feira, setembro 09, 2003

Salary Theorem

The less you know, the more you make.
Proof:

Postulate 1: Knowledge is Power.
Postulate 2: Time is Money.
As every engineer knows: Power = Work / Time
And since Knowledge = Power and Time = Money
It is therefore true that Knowledge = Work / Money .
Solving for Money, we get:
Money = Work / Knowledge
Thus, as Knowledge approaches zero, Money approaches infinity, regardless of the amount of Work done.

RRP
pequenas conclusões inúteis (1)

Os historiadores são quem nos dá a melhor escrita de ficção.

RRP
AINDA A DORMIR...

Senti alguma sonolência hoje de manhã. Nada de invulgar, para quem ainda está a regressar. Mesmo assim, enquanto conduzia, ainda pensei em adoptar a método daquele senhor presidente de uma associação de escolas de condução (cujo o nome não sei nem quero saber) que, ontem à noite, no debate da RTP sobre a sinistralidade rodoviária, se gabou de andar a 224 (sim, 224) km/hora nas autoestradas portuguesas. A estas velocidades, defende o dito senhor, ninguém sente sonolência - ou seja, a estas velocidades ninguém dorme. Que me perdoe o código de processo penal, mas a sua argumentação de ontem não constitui prova suficiente para declarar a sua incapacidade para dirigir o que quer que seja?

SBL

segunda-feira, setembro 08, 2003

AINDA A FLUTUAR...

Aqui está o Hipatia, ainda a meio-gás, a regressar. É verdade que não regressamos, vamos regressando. O corpo chega, o que lhe resta vai chegando. Espero, lá para o meio da semana, já me sentir mais em casa. Por enquanto, sinto-me ainda a rolar (dizem que é como nos barcos, já em terra sentimo-nos a flutuar). Como sempre novidades há muito poucas - ou quase nenhumas. Mas - como é da tradição - continuo a perguntar se as há. Digamos que faz parte. Apetece-me mesmo durante os próximos dias... «Fly me to the moon....»

SBL
Os jacarandás

Por coincidência, sempre tenho trabalhado em locais próximos de jacarandás. Conheço bem os da Rua Castilho ( que são muito bonitos), da Avenida 5 de Outubro, da Avenida D. Carlos I...Habituei-me a vê-los florir, a cobrir as ruas de lilás. A observação do ciclo  dos jacarandás faz parte das minhas rotinas. Agora, ao regressar de férias, retomei passos de todos os dias. Na pastelaria da esquina, verifiquei que o Nuno  não se esqueceu que, em tempo quente, a minha bica é em chávena fria. Voltei à tabacaria habitual para comprar o Público. Aos colegas de trabalho perguntei se havia novidades. Disseram-me que não, está tudo na mesma. Do mal, o menos. Quanto aos jacarandás,  já não têm flor. Vou esperar pela próxima primavera. No trabalho, também vou esperar por melhores dias. Se possível, antes da nova floração dos jacarandás.

Manga de Alpaca
O ETERNO RETORNO - PISTAS (1)

THE RETURN (excerto)

So 'ath it come to me--not pride,
Nor yet conceit, but on the 'ole
(If such a term may be applied),
The makin's of a bloomin' soul.
But now, discharged, I fall away
To do with little things again....


Rudyard Kipling

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