sexta-feira, novembro 28, 2003

ENCERRADO PARA BALANÇO

Houve aí quem chorasse por não termos ganho a organização da America's Cup (na verdade, foi disto que se tratou - e não propriamente de uma derrota). O projecto era de facto aliciante. Como foi a Expo'98, como será o Euro'04. Sugeria até que o país encerrasse para balanço. Daqui em diante apenas organizavamos eventos desportivos ou outros. Agora o futebol. Depois os jogos olímpicos. Depois o tennis. Depois o golf. Depois uns jantares e uns cocktails... Havia empregos e - mais importante ainda - um designio nacional (como soe dizer-se em linguagem politiqueira). Em suma, Portugal virava uma espécie de agência de eventos. Que acham?

SBL
Elefantes, na selva, ao entardecer

- Estou velho, sinto que a minha vida está a chegar ao fim ... A pena maior
que levo deste mundo é não ter tido uma tromba maior ... para dominar a
selva, soltar enormes rugidos ao vento, desbravar a floresta ...

- Eu não me queixo da minha tromba ... mas gostava de ter tido umas orelhas
maiores ... para que esvoaçassem ao vento enquanto corria pela selva ...
para captar todos os sons maravilhosos desta terra ...

- Pois eu o que gostava mais era de ter tido umas pestanas compridas ...
muito compridas ... reviradas na ponta...

- Pestanas compridas e reviradas? Para quê?

- Ora ... deixem-me cá ... paneleirices ...

Little things
FILMES E CARTAZES


Easy Rider de Dennis Hopper, 1969

RBL

quinta-feira, novembro 27, 2003

FILMES E CARTAZES


Goodfellas de Martin Scorcese, 1990

RBL

quarta-feira, novembro 26, 2003

CAUSAS

É, parece que sempre abriu...Estou curioso quanto ao tempo que o previsível choque de causas provoque a debandada.

RRP
DUHUHHH!!!

...
- Mas tu és um Liberal!!!
- Isso é mau?
...

RRP
+ FILMES E CARTAZES

Where does the swell comes from?


Big Wednesday, de John Millius, 1978

RRP
FILMES E CARTAZES


Blow Up, de Michelangelo Antonioni, 1966.

RBL

terça-feira, novembro 25, 2003

FILMES E CARTAZES


Ranging Bull, de Martin Scorcese com Robert de Niro, 1980.

RBL

segunda-feira, novembro 24, 2003

Versace D'Alcofa

Provocatoriamente, a alcofa era colocada na rua, mesmo em frente da loja Versace no Chiado. Para ira dos colaboradores do costureiro, que assim viam os lenços com a assinatura de Versace, tabelados na loja a mais de duas dezenas de contos, serem adulterados na rua por mil e quinhentos escudos. Diferença que justificava que as "tias", disfarçamente, se debruçassem sobre a  alcofa, procurando a  imitação a condizer. É que, dobradinho em rectângulo, posto à volta do pescoço, ou feito em triângulo, caindo sobre o
ombro, por cima do tailleur, o lenço da alcofa dava um ar chiquérrimo, fazia o mesmo efeito do autêntico. Afinal de contas, ser tia não significa crédito ilimitado, e quem iria dar pela falta da etiqueta? Com o fecho da loja, a alcofa mantém-se, mas deixou de exibir os Versace
provocatórios. Provavelmente para desgosto das tias, seguramente permitido a tranquilidade da mana Donatella, e o descanso eterno de Gianni.

Little Things
YES MINISTER, BY LADY THATCHER

PM: Yes. It's all very simple. I want you to abolish economists.
JH: [Mouth open] Abolish economists, Prime Minister?
PM: Yes, abolish economists ..... quickly.
SH: [Silkily] All of them, Prime Minister?
PM: Yes, all of them. They never agree on anything. They just fill the heads of politicians with all sorts of curious notions, like the more you spend, the richer you get.
JH: [Coming around to the idea] I see your point, Prime Minister. Can't have the nation's time wasted on curious notions, can we? No.


RRP

FILMES E CARTAZES (em technicolor)


Pinocchio, 1940.

PS: Não esquecendo Pinocchio de Giulio Antamoro (1911) com Lucignolo, Geppetto e Pinocchio.

RBL

sexta-feira, novembro 21, 2003

Rolando nas planicíes do Pó

(...)
- Sim, mas o desconstrutivismo do...
- Tá bem, só que se compararmos com as linhas do...ou o chiaroscuro do...
- OK. A mim ninguém me tira a sensação de esmagamento de entrar na... e ver o...
- N...istas, humpf!! É tudo um bocado treta... Com a mania de serem originais...Mas a perspectiva do ..., o enquadramento do ..., em suma o pão com manteiga!!!
- Sim, mas se calhar já é tempo de acabar com esta conversa pretensiosa sobre Arte.
(...)

RRP
Uma sala de aula

Quatro classes na mesma aula: 1ª, 2ª, 3ª e 4ª . Um professor, geralmente professora, geralmente de meia-idade, geralmente anafadinha. Carteiras de madeira, para dois alunos, com uns buraquinhos, em cima, do lado direito, onde (não) se enfiava o tinteiro. Chão de tábuas corridas, com um cheiro forte a sabão nos dias em que eram esfregadas. Na parede, fotografias de umas personagens que, felizmente, o tempo se encarregou de remeter para
caves poeirentas. Aulas de meninas ou de rapazes, porque nisso não havia misturas. Todos de bata branca. Às vezes, o cuidado da professora na arrumação da sala, no comportamento dos alunos, no asseio das batas, era redobrado. Era a visita do Senhor Inspector. Orgulhosa, a professora dava mostras do seu trabalho. Escolhia uma aluna - porque é duma aula feminina que falo -  não obrigatoriamente da classe mais avançada, para ler um texto ao Senhor Inspector. Ler de forma escorreita, sem gaguejar, palavras bem
articuladas, pontuação respeitada. O Senhor Inspector apreciava. Por vezes, simpaticamente, já trazia consigo um livro, com dedicatória, para oferecer à leitora. Um desses livros anda lá por casa.

PS: quantos alunos deve haver hoje por turma?

Little things
FILMES E CARTAZES


2001: A Space Odyssey de Stanley Kubrick, 1968

RBL

quinta-feira, novembro 20, 2003

O TEMPO DAS IMAGENS

We have come to the Age of Double Men.
We don't need mirrors anymore to talk to ourselves...
we are made of dream and dreams are made of us.

Pierrot/Ferdinand


Pierrot le Fou de Jean Luc-Godard, 1965.

RBL
NO RIO, ENTRE AS MARGENS

- Jean-Michel viens ici!!
- ...
- Jean-Michel, tu vas tomber!!
- ...
- Jean-Michel, je te dis, faites attention!
- ...
- Jean-Michel!!!!
- bonk, bonk, splash, huAAAAA!!!huAAAAAA!!!
- Tás a ber! Eu não te disse que ias malhar e partir os cornos!!!

RRP

quarta-feira, novembro 19, 2003

SOCIOLOGIAS

O Pedro Lomba pergunta se alguém vai para sociologia porque é de esquerda ou se sai de lá a ser de esquerda. A pergunta é provocadora, embora eu não compreenda o dilema. Calha bem dizer que a pergunta pressupõe uma relação entre duas variáveis (qual é a independente? qual é a dependente?), mas eu não vejo razões para que ela exista. Conheço sociólogos de direita (óptimos sociólogos, por sinal). Mais: conheço sociólogos que pertenceram à extrema esquerda e que agora são o mais à direita possível (sim, reconheço que, no caso concreto, a sociologia pode bem ser uma variável espúria...).

Devo dizer que não sou socióloga. Ando lá perto (às vezes penso até que demasiado perto)... E talvez por isso me atreva a responder ao debate lançado pela Flor de Obsessão. Claro que há quem saia de lá a ser o mais à esquerda possível - esse casos não são, porém, casos de sociólogos. São políticos disfarçados de cientistas e, quando falam ou escrevem, só revelam desonestidade. Os sociólogos a SÉRIO, a sério, saem de lá bastante mais moderados, à esquerda ou à direita... Saem de lá - como saiu o Pedro Magalhães, por exemplo - a querer ir estudar para os sítios onde se estuda a sério (leia-se, Estados Unidos), a querer fazer ciência a sério, pura e dura, carregada de baterias estatísticas, empírica. E quando partem para um novo trabalho apenas têm uma ideia do que a teoria diz sobre aquela questão. Nunca tiram conclusões antes de investigar. Cumprem o método científico. Parece fácil, não é?

SBL
Overdose ?

Antes de mais, devo esclarecer que gosto de ver futebol. Gosto de ver um estádio cheio de adeptos entusiasmados. Alegro-me com os sucessos da águia e, porque não confessá-lo, com os insucessos do dragão-ê e do seu insuportável treinador. Nada, pois, de "não percebo nada de futebol, sou mais para o intelectual". Posto isto, vamos aos factos: no telejornal, vejo Figo e Rui Costa, a quem reconheço o mérito de serem bons naquilo que fazem, darem uma conferência de imprensa; na manhã seguinte, ligo para a TSF e fico
a saber que o tema do forum será a selecção nacional; mudo para o Rádio Clube, e apanho uma crónica desportiva informando que Mantorras já treina (alegro-me, pode ser que ajude a águia  a voar); experimento a Antena 1 e aí se diz que Deco pode vir a ser castigado (alegro-me ainda mais, pelas razões atrás referidas); à noite, ligo a televisão, encontro um desafio de futebol, e fico a saber que no dia seguinte haverá outro. Sim, eu sei que o futebol é o ópio do povo. Mas não será a dose excessiva? Estará a Alta Autoridade para a Comunicação Social atenta a que ao povo seja proporcionada mais vida para além do futebol? Ou estará ela própria já adormecida?

Little things
AS IDEIAS DOS OUTROS

Amo muito o cinema. Eu mesmo ainda não sei muita coisa: se, por exemplo, o meu trabalho corresponderá exactamente à concepção que tenho, ao sistema de hipóteses com que me defronto actualmente. Além do mais, as tentações são muitas: a tentação dos lugares-comuns, das ideias dos outros. Em geral, na verdade, é tão fácil rodar uma cena de forma requintada para arrancar aplausos...

Andrei Tarkovski


Offret (aka Le Sacrifice) de Andrei Tarkovsky, 1986.

RBL

terça-feira, novembro 18, 2003

NÃO É BEM ASSIM...

O Público titula, enfunado: "Tribunal de Massachusetts decide a favor de casamentos homossexuais".

Vai ainda mais longe na abertura da notícia:
"O Supremo Tribunal do estado norte-americano de Massachusetts decidiu hoje que os casais homossexuais podem casar, ao considerar inconstitucional o impedimento de contrair matrimónio às pessoas do mesmo sexo."

Infelizmente, o que o distinto diário faz é pouco menos que desinformar e bastante mais que procurar na decisão o que definitivamente lá não está. Mais concretamente, o que o Supremo do Massachusetts decidiu foi que:
"Whether and whom to marry, how to express sexual intimacy, and whether and how to establish a family — these are among the most basic of every individual's liberty and due process rights" e acrescenta "And central to personal freedom and security is the assurance that the laws will apply equally to persons in similar situations."

Ou seja - diz, apenas, que é inconstitucional a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo! O próprio tribunal deu 180 dias à Legislatura do Estado para actuar no sentido que achar mais conveniente...

Este post não tem por finalidade a discussão do assunto do casamento gay mas apenas criticar o pouco rigor que muitas vezes transforma pequenos passos em grandes revoluções...

RRP
HISTÓRIAS DE GANGSTERS

Filmes baratos. De série B.
Assim.


À bout de souffle de Jean-Luc Godard, 1960

RBL
O muro do quintal

É um quintal altaneiro. O muro é largo, arredondado, e dá pela altura da cintura. Já são quatro as gerações que têm por hábito gozar a comodidade de se reclinar no muro do quintal. Tempos houve em que dali se observava o intenso movimento na rua, quando a indústria de lanifícios fazia da aldeia uma terra próspera. Operários que iam e vinham das fábricas, mulheres que lhes levavam o almoço em cestos de verga, habitantes de aldeias vizinhas que se deslocavam para as fábricas em motorizadas ruidosas. "Bom dia! Boa
tarde!": não havia hipótese de estar no muro do quintal e permanecer calado. E, por esta altura, também havia o movimento do lagar de azeite, ali mesmo ao lado. Sacos de azeitona para ser moída, transportados em camionetas, ou simplesmente, carregados por burros. Depois, os lanifícios não resistiram à evolução dos mercados. O lagar de azeite não respondeu aos requisitos comunitários, e por isso fechou. Continuamos a debruçar-nos no muro do quintal. Agora, simplesmente a ver o casario, a gozar o sol, e a ver o tempo
passar.

Little things

segunda-feira, novembro 17, 2003

HUMM...

(...)Thus many of the most ardent and tender-hearted of the worshippers of public good have been morally ruined by what a partial glimpse of the events they deplored appeared to show as the melancholy desolation of all their cherished hopes. Hence gloom and misanthropy have become the characteristics of the age in which we live, the solace of a disappointment that unconsciously finds relief only in the wilful exaggeration of its own despair.(...)

in The Revolt of Islam, Preface, Percy Bysshe Shelley

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ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

Não sendo propriamente um naba em questões de computadores, tenho noção que nessa matéria sou uma privilegiada. Tenho à mão um médico especializado nos males informáticos (que por acaso nem costumam ser muitos...), sempre atento às últimas novidades. Há muito que tinha por isso descoberto o prazer de - sentadinha no sofá ou noutro sítio qualquer, desde que num raio de não sei quantos metros - poder aceder à Internet, bloggar, tratar do meu e-mail, etc., etc., etc. Descobri hoje que a partir de agora também posso ir para o Parque das Nações navegar. Basta possuir um computador preparado para a ligação Wi-Fi (coisa que, informa-me o meu médico, já tenho). Agradecida, por esses momentos que me dão a ilusão de viver num país do primeiro mundo.

SBL
O TERCEIRO MUNDO (OU AS LIÇÕES DA MANUELA)

O Diário de Notícias publica hoje uma entrevista a Manuela Moura Guedes. Gostei de saber que, para a subdirectora de informação da TVI, basta «não ter bebido uns copos» para se ser sóbrio. Também gostei de saber que, para fazer verdade, ela própria não se leva a sério. E que no outro dia, ao passarem uma peça de um tipo a masturbar-se, eles avisaram. «Até metemos bolinha», diz Manuela. A televisão pública passa uma tarde inteira a dar um programa de variedades (artistas pimbas, apresentadores ignorantes...) para comemorar (mais) uma inauguração de um estádio de futebol. E as privadas admitem pôr tudo no ar - desde que avisem. Ora bolas, mas que raio de país terceiro-mundista é este? O melhor mesmo - suspeito - é não ter televisão.

SBL
LESS IS MORE (2) - Saul Bass

Por favor passem a fita outra vez, mas só o início...

The Man With The Golden Arm é apenas um exemplo de um genérico genial.
Quem não se lembra de Goodfellas, North by Northwest, Anatomy of a Murder ou Vertigo?


Genérico de Saul Bass para o filme "The Man With The Golden Arm" de Otto Preminger, 1955.

RBL

sexta-feira, novembro 14, 2003

MORNING COLORS (ao fim da tarde)


RBL(c)

RBL
JINGLE BELLS

Quando se aproxima a festiva quadra, saco do disco, guardado em vergonha o resto do ano e ouço aquela que será talvez a mais perfeita canção de Natal - A Warm Little Home on the Hill de Stevie Wonder. A melodia é Capra-Minelli-perfect. A letra é do mais piroso e lamechas possível. Resumindo, a musiqueta é simplesmente genial. É uma espécie de chocolate quente musical. Quem não tem uma lareira perto, basta-lhe as primeiras estrofes e juro que se sente o cheiro a fumo. Passa-se a ter memória de um White Christmas que nunca se teve, a sonhar com meias e presentes...

There's two people that never will part...There's a warm little place in my heart....

RRP

P.S.- Como diria a SBL: Declara-se aberta a Quadra Natalícia.

quinta-feira, novembro 13, 2003

DEPOIS DO GENÉRICO, OUTRA VEZ

O princípio. Outras imagens de outras histórias.
Assim se cruzam.
Projectos para outros fins.


Dut Yeung Nin Wa (In the Mood for Love) de Wong Kar-Wai, 2000

RBL

quarta-feira, novembro 12, 2003

Paula Bobone, outra vez

Agora é o 24 Horas que o diz. Paula Bobone, que o jornal explica ser assessora do Ministério da Cultura,  professora de etiqueta, escritora e colunista, classifica-se a ela própria como "uma  pessoa lúdica". E afirma que o seu orçamento é limitado.  Pois é, rica, eu também sou uma pessoa muito lúdica. De tal forma que, quando leio entrevistas suas, e porque conheço bem uma das suas facetas profissionais referidas pelo 24 Horas, começo por ter uma enorme vontade rir. Rir de mim, claro, pois sou artolas, e contribuo com o meu trabalho para lhe garantir a si, rica, uma fatia do seu orçamento limitado...

Litlle things
NÃO TENHO A CERTEZA QUE ISTO SEJA UM ELOGIO...

You are Neo
You are Neo, from "The Matrix." You
display a perfect fusion of heroism and
compassion.


What Matrix Persona Are You?
brought to you by Quizilla

RRP

P.S.-Gracias a la bomba y al teguivel
BLOOD CONNECTIONS

Perguntas. Fotografias.
Por entre jornalistas e curiosos procura-se outras caras.
Melhor ainda, aqueles sapatos. Bingo.


Blood Work de Clint Eastwood, 2002

RBL

terça-feira, novembro 11, 2003

O AUMENTO, A RETOMA

Segundo a Mercer os salários em Portugal vão aumentar 4,4% no próximo ano. It's the Matrix Revolutions...
Entretanto, confirma-se a homenagem nonsense ao OE2004 feita por um simpático grupo folclórico belga.

RRP
OUTROS LUGARES

Procura-se Paris, Texas.
Dele existe uma fotografia. Do resto já não existe nada.
Procura-se um lugar que não existe.


Paris, Texas de Wim Wenders, 1984

RBL

segunda-feira, novembro 10, 2003

Tigelada à moda da Beira Baixa

Regularmente, SBL alimenta os meus ócios com um pacote de revistas que angaria à custa dos ossos do seu ofício. Do pacote passou agora a fazer parte uma novel revista de culinária, em tudo semelhante a tantas outras que proliferam no mercado. Com curiosidade, desde logo a folheei, pois nunca é tarde para entrar em mais um segredo de Pantagruel. E, na secção dos doces, lá estava a receita da tigelada à moda da Beira Baixa. Com a curiosidade aguçada pela totalidade das minhas costelas, todas elas da região, pude verificar que o que ali estava, do doce original só tinha o nome. O que, aliás, era comprovado à vista desarmada, pois a receita era acompanhada da fotografia dum doce anémico, apresentado em tabuleiro de pirex branco, que não lembraria a um beirão utilizar.
Pois bem: para que a verdade dos factos seja reposta, aqui fica a receita da
TIGELADA À MODA DA BEIRA BAIXA:

1/2 litro de leite gordo
5 ovos
4 colheres de sopa de açúcar
1 colher de chá de canela

Batem-se os ovos inteiros. Junta-se o leite. Mexe-se. Junta-se o açúcar e mexe-se bem. Deita-se a canela. Deita-se o preparado num tacho de barro, e vai ao forno, de preferência de lenha (mas também pode ser o do fogão). Coze durante cerca de meia hora. Deve criar uma capa tostadinha, que fica ligeiramente levantada. É tudo. Bom apetite!

Little things
ECLIPSES LUNARES

(...)Approaching Apollo Landing Site 2 in the southwestern Sea of Tranquility, still watching out of Neil's window to his left (directly due West), with the RCS quad in the lower left corner. When this picture was made, the LM was still docked to the CSM. Landing Site 2 is located just right of center at the very edge of the terminator. The crater Maskelyne is the large one at the lower right, with Maskelyne B directly beyond. Hypatia Rille (U.S.1) is at upper left, with the crater Moltke just to the right (north) of it. Sidewinder Rille and Diamondback Rille extend from left to right across the center of the picture. Maskelyne and Maskelyne B have a diameter of almost 24 and 9 km respectively, and the distance from the crater center of Maskelyne to the Apollo 11 landing site is about 210 km. While Moltke is a relatively small crater, with a diameter of merely 6.5 km, its very light ejecta blanket makes it easy to find for Earth-based observers with moderately sized telescopes, making it a popular landmark for locating Statio Tranquilitatis.


Photograph made withHasselblad 500 Electric Camera, July 20, 1969

RBL

sexta-feira, novembro 07, 2003

Património de cogumelos

Se o amigo bloguista vive para os lados de Tibães, ou para lá caminha, aqui fica uma sugestão: amanhã, sábado, às 14.30,  vá até ao Mosteiro de S. Martinho de Tibães. O que lá vai fazer? Pois bem: primeiro, nas cavalariças do Mosteiro, vai ouvir uma explicação sobre "o que são os cogumelos". Depois, sai e vai observar, seleccionar e recolher cogumelos na cerca do Mosteiro. Finalmente, volta para as cavalariças observar e identificar os cogumelos recolhidos. A sério, não estou a brincar: a inicitiva é imaginativa, fresquinha. Depois daquela tonteria do Panteão, é de registar e louvar.

Little things
No confessionário

Confesso que, quando a ocasião se proporciona, folheio a "Hola", "Caras" e afins. Confesso que me embriago com a leitura, e chego a sentir tonturas. Confesso que invejo as festas, as férias de sonho, as viagens, as toilettes, as casas, os iates reais e sem ser reais. Invejo tanta felicidade,  as esposas "mui sencilas", os esposos estremosos, as criancinhas felizes nos colégios, as carreiras bem sucedidas. Invejo os spas (meu Deus, os spas, como eu gostava de uma estadia num spa!). Confesso que, ingenuamente,  me interrogo muita vez: mas donde é que lhes vem o dinheiro para tanto glamour? Pois ontem tive uma resposta às minhas inquietações. O casal jet set constituido por um tal José Castel-Branco  e uma Betty qualquer coisa, foi detido no aeroporto metido em chorudo negócio de jóias. Sabendo isto,
enrosquei-me no sofá e preparei-me para assistir ao "Quem quer ser milionário". Afinal as coisas não me correm assim tão mal. Pelo menos não vou dentro.

Little things
LESS IS MORE (1) - MAPA DE METRO DE LONDRES

Óbvio, dirão uns. Básico, dirão outros.
De 1931 a 1949 Henry Beck desenvolveu o mapa que hoje faz parte da colecção permanente do MOMA. Nos primeiros tempos apenas durante os fins-de-semana porque a sua função de Engenheiro no Metro de Londres não lhe permitia outra dedicação.
Todas os problemas de legibilidade, de comunicação, de desenho, de percepção e mesmo os topológicos foram pensados.
Passado mais de meio século ainda muitos insistem em não a ler certas bíblias.



RBL

quinta-feira, novembro 06, 2003

CONTA-ME HISTÓRIAS

Entre os espelhos.
Até tarde.


Dut Yeung Nin Wa (In the Mood for Love) de Wong Kar-Wai, 2000

RBL
NOTÍCIAS DO CORAZÓN

O quê, a Letizia recebeu um anel de diamantes?

SBL
...YOU SURELY MUST BE JOKING, MR. RABBIT-ON-THE-LAWN 2

EPC, de pérola em pérola (ou de nenúfar em nenúfar, como preferirem): "...Como os adversários não souberam elaborar uma discussão séria, Boaventura de Sousa Santos, como assinalável probidade intelectual, viu-se obrigado a organizá-la."
É, uma pessoa passa a vida de joelhos na FNAC à procura de um tinteiro, o sangue foge da cabeça e dá nisto...

RRP
...YOU SURELY MUST BE JOKING, MR. RABBIT-ON-THE-LAWN

EPC, no Público de hoje: "...um dos mais importantes pensadores portugueses, Boaventura de Sousa Santos...".
A capacidade da intelligentsia portuguesa para a desonestidade intelectual não pára de me surpreender.

RRP
A INOCÊNCIA(repost)

A inocência não se perde de uma vez, numa epifânia iniciática. Todos os dias somos menos inocentes, menos crentes, mais vivos, mais sós.

The Last Picture Show, de Peter Bogdanovich, 1971

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quarta-feira, novembro 05, 2003

INSANIDADE

Pensava que o terrorismo já não me podia surpreender. Enganei-me.

RRP
O PRÉMIO

Como tantos outros, já pensei em escrever um livro, ou melhor, vários livros. Felizmente essas torrentes de verborreia pedante nunca viram o papel. Mas, como qualquer diletante, guardei-lhes os títulos e a ideia principal:

Stories of those for whom Faith is but a blindfold
Livro de contos sobre a perda e a restauração da Fé (é verdade, a Catequese tem efeitos secundários).

Staccatto para Remington e Beretta
A idade do Policial, um escritor-detective (que original), escrita curta e grossa, só me faltou mesmo o pseudónimo...

D. Quixote a la plancha
Um guia de cozinha manchega.

A alma da Fraga
Idílicas memórias transmontanas.

Do Conservadorismo
Monografia sobre a importância da muda diária de peúgas.

A Partida
O "grande" romance (700-800 pgs. por cada 3 volumes) do sec.XX português.

Uma coisa tenho por certa. Deveria ter já recebido um qualquer prémio literário por me ter obrigado a não escrever - esse mérito é sem dúvida merecedor de homenagem.

RRP

"Less is more”. Outras notas sobre "Problemas genéricos da nossa Imprensa - O GRAFISMO"

Obrigado. Muito obrigado. Pela companhia nesta guerra.
Outras ideias e reparos a esse post caido do céu. Obrigado.

A palavra grafismo. Grafismo é algo que se aplica, que se junta. Tudo o que denuncia – e bem – tem exactamente esse nome.

Os nossos gráficos e designers são (genericamente falando) fracos. Nada mais certo. Mas serão só os designers?

Os problemas e as soluções. Se espera encontrar soluções passará a encontrar fórmulas – iguais – cada vez mais iguais. Os problemas, esses, são para serem resolvidos, mas a partir das questões que especificamente colocam.

A fonte. Em inglês Font. Em português tipo. Sim, porque tipo era o nome dado aos caracteres de chumbo que alguém outrora inventou.

Solução. Design de Comunicação (se me permitem). Conservado ao longo dos anos na Faculdade de Belas Artes, continua a ser o único lugar neste país onde se pode aprender tudo o que foi referido nesta guerra. Atrevo-me a dizer que continua a ser assim porque o investimento ainda não chegou lá. Assim se mantém afastado destas novas tendências gráficas. Muito gráficas.
Sim. Voltámos ao início. Aos grafismos. Muitos. Aos milhares. Tantos quantos os efeitos dos computadores nos permitirem. Bons computadores. Cursos intensivos de photoshop e flash. Fantástico. Os grafismos apenas são utilizados porque são rápidos de fazer e simulam que dão muito trabalho.
Computadores. Sim. Adoro-os. Mas a sua massificação (juntamente com a um impressora, a cores claro!) deu a cada um de nós uma arma. Agora, meu caro, já não há nada a fazer. Se não controlamos a tecnologia (qualquer uma) somos dominados por ela.
Se quiser confirmar o que lhe digo, siga o seguinte exercício: Escolha uma exposição – pode ser exigente se preferir. Observe o interesse dos visitantes. Verá que observam cuidadosamente e apenas comentam as obras que os impressionam pela complexidade da sua produção. Não falha. Ouvirá com certeza a famosa frase “Como é que o gajo fez isto?”


PS1. O Hipatia mudou recentemente. Escrevi que foi por causa de Claude Garamond (des)conhecido tipógrafo do século dezasseis. O Hipatia não mudou apenas porque nos apeteceu. Evoluiu. Conserva o que lhe deu origem. Mas continua em construção.

PS2. Em homenagem (simples) ao vosso post sobre esta guerra, o Hipatia dará a conhecer bons exemplos. Simples. Dos mais simples.

RBL

terça-feira, novembro 04, 2003

EMERGÊNCIA

Alguém que arranje um tinteiro ao EPC, ou eu não volto a entrar na FNAC tão cedo (O EPC de joelhos está muito para lá do limite da tolerância humorística...).

RRP
LOS NOBIOS QUE SE JO...

Esta histeria colectiva (histeria é palavra fêmea) sobre o casamento do borbonzito está-me a tirar do sério! Ó mulheres do meu país, tanto príncipe por aí nas ruas e vielas e as meninas de cabeça perdida por um castelhanozeco!? Ó Pipi, e tu ficas-te?

RRP
E VIVA OS 'NOBIOS'

Em tom provocador, gosto de dizer mal do ano do 1 de Dezembro. Não tenho qualquer orgulho patriota, não me importava de ser espanhola e não vejo mesmo porque é que hão-de considerar esta pontinha de cá da Península uma coisa diferente (eu sei, eu sei, somos o mais perfeito exemplo de estado-nação, so what?). Ainda por cima agora que teremos - finalmente - casamento aqui ao lado. Felipe de Borbón, soubemos este fim-de-semana, apresentou à nação (à nação? se há coisa que a Espanha não é, é uma nação, mas enfim...) a sua noiva, Letizia Ortiz, plebeia, jornalista da TVE e (pesar dos pesares) divorciada. O processo foi muito bem conduzido pela casa real e, já na quinta-feira, Felipe vai pedir a mão de Letizia. Não vejo a hora de folhear a próxima edição da Hola que certamente publicará todos os pormenores sobre a festa. Acham que, aqui em Lisboa, o El Corte Inglês vai abrir lista em nome dos futuros Reis de Espanha? Gostava tanto de lhes oferecer um «recuerdo» para o «hogar»...

SBL
IMAGENS DE ARQUIVO (E SIMULAÇÃO)


Zarina Bhimji, Howling like dogs, I swallowed solid air, 1998-2003
transparency in light box, 170 x 12,5 cm
(© Zarina Bhimji, all rights reserved)


RBL

segunda-feira, novembro 03, 2003

A ILUSÃO

Já sabia que a deontologia e o jornal A Bola não se entendiam lá muito bem. Ontem fiquei a saber que o ilusionismo também não é dos fortes do balofo desportivo. No sábado titulava "45 000 bilhetes vendidos até às 18h !!!", no domingo a nova catedral apresentava um cenário desolador - no máximo umas 20 000 alminhas. Conheço várias pessoas que desistiram de ir ver, ao vivo, o jogo com o Beira-Mar por pensarem que a lotação estaria esgotada (que sorte tiveram...). No entanto continuo sem perceber se foi A Bola que fez desaparecer quase 30 000 pessoas ou se foi apenas um caso singular de presciência colectiva benfiquista.

RRP
Plácida

Contou-me Manga de Alpaca que Plácida era secretária dum Secretário de Estado da Guiné-Bissau. No âmbito dum acordo que alguém celebrara, esteve por cá durante algum tempo, com a finalidade de conhecer as práticas administrativas da função pública portuguesa. Em Bissau deixara marido e três filhos pequenos, de que falava com uma lagrimita no canto dos olhos bonitos. O acordo fizera instalar na Secretaria de Estado alguns computadores, e por isso Plácida referia muitas vezes que o que lhe interessava mais era "aprender nos computador". Usava vestidos compridos, coloridos, típicos de África. Os penteados também eram africanos. Na hora da despedida, verificou-se que a pele de Plácida tinha o toque da seda. Ficou de mandar notícias. Logo a seguir ao seu regresso, um golpe de estado derrubou o governo do Secretário de Estado de Plácida. Nunca mais vieram notícias. Manga de Alpaca interroga-se: o que será feito de Plácida?

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