quarta-feira, dezembro 24, 2003

O HIPATIA DESEJA BOAS FESTAS A TODOS OS SEUS LEITORES

Deixo aqui um conto de Natal que já tinha saído por aí, noutro sítio qualquer...

Carta a uma menina
Já sei, querida Madalena, o que queres para o Natal. Um carrinho, uma caixa de lápis e mais uma boneca – nada que as meninas da tua idade não costumem pedir. Sossega. Não deixarei que te censurem por só pedires brinquedos. Não tem mal nenhum só pedires brinquedos, todas as crianças os pedem. Mas um dia, Madalena, quando fores mais velhinha, vais ficar farta de tantos brinquedos, vais perceber que o Natal – como a avó te disse - não é só receber presentes. Que há meninos cujos pais não conseguem dar-lhes o que eles desejam. Que há meninos que não passam a noite de 24 de Dezembro com a família. Que há meninos que, na mesa da consoada, não têm bacalhau cozido, bolo-rei, azevias e muitos chocolates, como tu tens. Que há meninos que vivem em cidades sem ruas iluminadas. Que há meninos que nunca viram as aventuras do Peter Pan, do Rei Leão e da Pequena Sereia. Que há meninos que, nesta altura do ano, não podem ir ao circo ver os acrobatas, os trapezistas e os palhaços a dizerem tolices sobre «cócós e chichis». Que há meninos que não têm casas com lareiras para os aquecer. Um dia mais tarde, vais compreender isto tudo. Por favor, não te sintas culpada por (felizmente) teres tudo e haver quem (infelizmente) tenha pouco mais que nada. Tenho a certeza, querida, que se pudesses davas-lhes um bocadinho do que do tens. Vais descobrir que houve quem te protegesse de todas as coisas menos boas que acontecem no mundo. Acredita que apenas quiseram evitar que sofresses. Nesse dia, vais ainda entender porque é que há adultos (os crescidos, para ti) que não adoram o Natal como tu agora adoras. Eles também gostam de receber embrulhos, não é isso. Eles ficam é tristes por sentirem mais saudades dos que já cá não estão. E, nessa noite em que o Menino Jesus nasce (esta história tu já sabes, já aprendeste), lembram-se mais deles. É só por isso que eles ficam um bocadinho menos alegres no Natal. Não te preocupes Madalena, depois passa. Falta dizer que pela minha parte fica prometida a boneca. Tem mesmo que ser uma Barbie?

SBL

segunda-feira, dezembro 22, 2003

CHESTNUTS ROASTING ON AN OPEN FIRE... 2

Até os chineses...

RRP

sexta-feira, dezembro 19, 2003

CHESTNUTS ROASTING ON AN OPEN FIRE...

Ao que parece, também existe uma silly season natalícia, senão veja-se - um presidente da câmara que compra publicidade para explicar que gasta pouco em...publicidade, um primeiro-ministro que faz de Pilatos, condoendo-se das mulheres que abortam mas recusando-se a despenalizar o dito, a TSF a passar Barbara Streisand, uma Justiça que tarda...e falha. Em suma, um autêntico cabaz de Natal.

RRP

quarta-feira, dezembro 17, 2003

Saddam, the real one?

Desconheço em que consiste, concretamente, um exame de ADN. Compreendo que seja necessário recorrer a este meio para comprovar a identidade do suposto Saddam Hussein. Além do mais, convém que o Sr. Bush não seja outra vez apanhado a vender gato por lebre, como fez com a soldado que afinal não resistiu heroicamente coisa nenhuma, ou com o perú que afinal era de plástico. Mas seja lá o exame o que for, é, no mínimo, inestético e
desagradável ver imagens de alguém a espiolhar o cabelo do suposto Saddam. Decididamente, a administração americana é hollywoodesca, não perde oportunidade de embrulhar o poder nas luzes da propaganda.

Little Things
TEAMWORK

Não era para ser assim. O encenador assim pensava.
Quem estava a pagar assim não pensou.
Que se lixe (vou ver um filme).


Balas sobre a Broadway de Woody Allen, 1994

RBL

terça-feira, dezembro 16, 2003

SOBRE A MODERNIDADE, outras palavras

Love Will Tear Us Apart

When routine bites hard
And ambitions are low
And resentment rides high
But emotions won't grow
And we're changing our ways, taking different roads
Then love, love will tears us apart again
Love, love will tears us apart again

Why is the bedroom so cold
You've turned away on your side
Is my timing that flawed?
Our respect run so dry
Yet there's still this appeal that we've kept through our lives
But love, love will tears us apart again
Love, love will tear us apart again

You cry out in your sleep
All my failings exposed
And there's a taste in my mouth
As desperation takes hold
Just that something so good just can't function no more
But love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart again


Ian Curtis, Joy Division, 1980

RRP
SOBRE A MODERNIDADE, outras imagens


(c)RBL

RBL

segunda-feira, dezembro 15, 2003

"A cidade depois das imagens"

Há uns tempos, RBL ironizava sobre as minhas colaborações no Hipatia, sobre o universo das "pequenas coisas". Pois é: uma pessoa deixa-se guiar pelo dia a dia, pelas rotinas, e o projecto de acompanhar a realidade política, económica, social e por aí, vai sendo sucessivamente adiado. Então surgiu a exposição "A cidade depois das imagens", dum grupo de alunos finalistas do curso de Design de Comunicação. Design, gente nova, aí está uma boa oportunidade para cuidar da minha actualização em matéria de arte, para deixar por momentos o universo comezinho em que me movo, pensei eu. De facto, à primeira impressão, encontrei uma forma de expressão nova, exigindo a participação activa do visitante para a sua leitura. Mas depois, numa segunda abordagem, o que encontrei? Lá estavam elas, as "pequenas coisas" do quotidiano: os operários caminhando para a obra, a expressão de quem espera para atravessar a rua, as mulheres desenraizadas na cidade, o ferro de engomar, a antena da televisão...Nem de propósito: a minha incursão pelo
novo mundo fez-se sem sobressalto. Tudo visto, gostei, e por isso ficam os parabéns aos autores.


Little Things

domingo, dezembro 14, 2003

A CIDADE DEPOIS DAS IMAGENS

Os Corpos estão ali.
Sitiados.
Colocados de forma justaposta,
ora em baixo ou em cima, ora à esquerda ou à direita.



exposição colectiva no Hospital Júlio de Matos (pavilhão 21c) de 12 a 21 de Dezembro

RBL

quinta-feira, dezembro 11, 2003

EM DEFESA DE BOA ARGUMENTAÇÃO

Gosto de uma boa discussão. Mas não suporto argumentações estúpidas que, para falar verdade, me deixam sem vontade alguma de ripostar. Senti isso quando ontem, no forum da TSF, um ouvinte dizia que defender a despenalização do aborto era pior do que a pedofilia. Opinava ele que «a pedofilia ao pé disto...». Eu - defensora da liberdade de opinião e do direito de todos a expressarem-se - sinceramente quando ouço coisas deste género fico com vontade de ficar calada.

SBL
DEPOIS (DO CAOS) itinerários em construção

Pessoas, que não os operários, não há.
É fácil de os reconhecer. A maioria, eslavos ou africanos,
transporta na mão um saco de plástico já usado.
A forma e o tamanho é muito parecido.
Arrisco que seja o almoço.




RBL
EMISSÃO RETOMADA


Dut Yeung Nin Wa (In the Mood for Love) de Wong Kar-Wai, 2000

RBL

quarta-feira, dezembro 10, 2003

A EMISSÃO SEGUE DENTRO DE MOMENTOS...

Infelizmente o Hipatia encontra-se em serviços mínimos (obrigado Little Things). Ao nosso leitor - as nossas desculpas...

RRP
Menino Jesus (a preto e branco)

Somos da mesma idade. Várias vezes vivemos em conjunto a ansiedade pela chegada do Menino Jesus, a excitação dos presentes. Até ao dia em que ele, agarrado ao triciclo que o Menino Jesus tinha deixado na chaminé, tirou as medidas ao triciclo, espreitou para o buraco da chaminé, pensou, tornou a pensar, e... "hum ...como é que ele ali coube?". Não sei se foi nessa altura que a ilusão cor-de-rosa se desfez. Mas agora verifico que ali estavam demonstradas duas personalidades distintas. Dum lado, a credulidade que quase não tem limite, doutro a atitude crítica. Que provavelmente levaram, entre muitas outras coisas, a uma relação com os media tão parecida como o dia se parece com a noite: dum lado, alguém cuja comunicação se fica pelo anonimato num espaço da blogoesfera; do outro, alguém que se lançou a fazer metragens longas e menos longas. A fazer filmes. A " Preto e Branco".


Little things

terça-feira, dezembro 09, 2003

And the Oscar goes to...

Fátima Campos Ferreira, no Prós e Contras, pela monumental frase dirigida a Pedro Roseta, quando este se referiu a M M Carrilho como "sr. ministro da Cultura". Espetando o dedo indicador na direcção do titubeante e perdido Roseta, mais uma vez vestido com o seu fatito azul, Fátima foi cruel : "Não, não, ele já não é ministro; agora o Ministro é o senhor ! ". Posando no seu sofá, metido num casaco de bom corte, e gravata impecável, Carrilho embuchou as gargalhadas.

Little things

quarta-feira, dezembro 03, 2003

Na Catedral

O amável convite para assistir ao jogo na Catedral não podia ser recusado. Procurei roupa e calçado adequado à noite invernosa. Felizmente encontrei numa gaveta cachecol de cor adequada à ocasião. Primeira barreira: caminhar por terrenos enlameados, contornar poças de água, circundar o perímetro da catedral até encontrar a porta correcta, trepar vários lanços de escadas até atingir o 3º piso, ultrapassar a sensação de vertigem numa bancada quase a pique. Daquela altura, todos os craques da casa pareciam iguais, à excepção do guarda redes, que veste de cor diferente e está de guarda às ditas redes. Segunda barreira: suportar o barulho infernal provocado pelos incitamentos do speaker de serviço, pelos tambores e cânticos das claques, pelos assobios estridentes e pelos epípetos nada recomendáveis dirigidos aos elementos da equipa de arbitragem e aos jogadores da equipa adversária.
Fiquei a saber que o derrube dum jogador da casa é forçosamente uma falta, enquanto que o dum adversário é uma mera disputa de bola, sendo o adversário um fiteiro que se está a fazer à falta, e que se o árbitro entende de forma diferente tem que ser apupado. Na noite chuvosa, por duas vezes os adeptos do glorioso SLB saltaram das cadeiras, agitaram cachecóis e bandeiras, gritaram e aplaudiram os golos do clube do seu coração. Sairam da catedral contentes, enfrentaram com facilidade a caminhada de regresso.


Little things


terça-feira, dezembro 02, 2003

FILMES E CARTAZES


Dumbo, 1941.

RBL