quinta-feira, abril 27, 2006
quarta-feira, abril 26, 2006
terça-feira, abril 25, 2006
segunda-feira, abril 24, 2006
COLISEU DOS RECREIOS
Noite de 24 para 25 de Abril de 1974. Joan Southerland, Alfredo Kraus e Piero Capucilli davam corpo e voz aos principais personagens da Traviata de Verdi. Era ainda o tempo das «Récitas Populares»; 6 ou 7 espectáculos no Teatro de S. Carlos e o último, sempre ali, nas Portas de Santo Antão. As condições não eram as ideais: não existiam camarins,nem fosso de orquestra. Tocávamos «colados» ao público sentado na Plateia. Cá fora, formavam-se longas filas, na expectativa de conseguir o melhor lugar na Geral mal as portas abrissem. Era um público que entendia, que «respirava» com a Música e os Artistas. Reagia,também. Daí a expressão tantas vezes ouvida durante os ensaios,perante um(a) cantor(a), menos capaz: «No Coliseu é que vais ver como «elas» doem...» Faziam algum contraponto com o que frequentava a «sala de visitas do Sr. Professor», sempre mais comedido, porque nestas coisas de manifestações de encantamento ou desagrado é sempre bom manter uma certa reserva... Durante os longos intervalos (ai, aqueles maquinismos) os vendedores da «queijadinha de Sintra» e do «fruta ou chocolate» rivalizavam a potência de suas vozes com as dos Artistas em palco. Tudo isto fazia do Coliseu um lugar mítico, sem grandes condições, mas vivo.
Naquela noite, depois da sala ter «vindo abaixo», tal a estirpe dos cantores, ao sairmos, de regresso a casa, não imaginávamos que, minutos depois, o RCP, passaria a «senha» para uma Vida Nova. Já lá vão uns anos. Acabaram as «Récitas Populares», o Coliseu fechou para obras. Acusticamente não melhorou. A Fundação Calouste Gulbenkian realiza naquele mesmo lugar a série «Grandes Orquestras Mundiais» - e é ver o cortejo de tísicos que ainda não percebeu que as Termas do Caramulo não são ali. Quem tosse com propriedade é Violetta, como na noite de 24 para 25 de Abril. Num concerto com a Stadskapelle de Dresden, dirigida pelo explosivo e simultaneamente contido Haitink (adoro!!!), no final da «Patética» de Tchaikovsky, quando os Contrabaixos diluem a Vida através daquele som que a Mãe Terra engole e é necessário algum tempo para «voltar à realidade», um tonto, daqueles que querem dar ares de quem sabe que acabou (quando começa, quando acaba a Música, alguém me ajuda interrompeu esse instante de Morte com um alarve e galhardíssimo «BRAVO!!!».
A noite de 74 foi a última e a primeira de muita coisa. A de me permitir dizer com Liberdade e sem vergonha que tenho saudades de algumas coisas desse passado. Talvez por isso a Traviata ocupará sempre um lugar tão especial, impossível de «explicar» por via desta Quimíca que faz de mim quem sou.
M.I.O.C.L.
Noite de 24 para 25 de Abril de 1974. Joan Southerland, Alfredo Kraus e Piero Capucilli davam corpo e voz aos principais personagens da Traviata de Verdi. Era ainda o tempo das «Récitas Populares»; 6 ou 7 espectáculos no Teatro de S. Carlos e o último, sempre ali, nas Portas de Santo Antão. As condições não eram as ideais: não existiam camarins,nem fosso de orquestra. Tocávamos «colados» ao público sentado na Plateia. Cá fora, formavam-se longas filas, na expectativa de conseguir o melhor lugar na Geral mal as portas abrissem. Era um público que entendia, que «respirava» com a Música e os Artistas. Reagia,também. Daí a expressão tantas vezes ouvida durante os ensaios,perante um(a) cantor(a), menos capaz: «No Coliseu é que vais ver como «elas» doem...» Faziam algum contraponto com o que frequentava a «sala de visitas do Sr. Professor», sempre mais comedido, porque nestas coisas de manifestações de encantamento ou desagrado é sempre bom manter uma certa reserva... Durante os longos intervalos (ai, aqueles maquinismos) os vendedores da «queijadinha de Sintra» e do «fruta ou chocolate» rivalizavam a potência de suas vozes com as dos Artistas em palco. Tudo isto fazia do Coliseu um lugar mítico, sem grandes condições, mas vivo.
Naquela noite, depois da sala ter «vindo abaixo», tal a estirpe dos cantores, ao sairmos, de regresso a casa, não imaginávamos que, minutos depois, o RCP, passaria a «senha» para uma Vida Nova. Já lá vão uns anos. Acabaram as «Récitas Populares», o Coliseu fechou para obras. Acusticamente não melhorou. A Fundação Calouste Gulbenkian realiza naquele mesmo lugar a série «Grandes Orquestras Mundiais» - e é ver o cortejo de tísicos que ainda não percebeu que as Termas do Caramulo não são ali. Quem tosse com propriedade é Violetta, como na noite de 24 para 25 de Abril. Num concerto com a Stadskapelle de Dresden, dirigida pelo explosivo e simultaneamente contido Haitink (adoro!!!), no final da «Patética» de Tchaikovsky, quando os Contrabaixos diluem a Vida através daquele som que a Mãe Terra engole e é necessário algum tempo para «voltar à realidade», um tonto, daqueles que querem dar ares de quem sabe que acabou (quando começa, quando acaba a Música, alguém me ajuda interrompeu esse instante de Morte com um alarve e galhardíssimo «BRAVO!!!».
A noite de 74 foi a última e a primeira de muita coisa. A de me permitir dizer com Liberdade e sem vergonha que tenho saudades de algumas coisas desse passado. Talvez por isso a Traviata ocupará sempre um lugar tão especial, impossível de «explicar» por via desta Quimíca que faz de mim quem sou.
M.I.O.C.L.
sexta-feira, abril 21, 2006
quarta-feira, abril 19, 2006
O MEU PRIMEIRO DIA
Para o V., cujo nome gosto muito (como a mãe dele bem sabe), neste seu primeiro dia de vida.
O mundo, V., é grande - muito grande.
SBL
Para o V., cujo nome gosto muito (como a mãe dele bem sabe), neste seu primeiro dia de vida.
O mundo, V., é grande - muito grande.
SBL